Baseado em Publicação da FEB 7 страница
Se os raios caloríficos e os raios químicos que agem constantemente na Natureza são invisíveis para nós, é porque os primeiros não ferem com bastante rapidez a nossa retina, e porque os segundos a ferem muito rápido.O nosso olho não vê as coisas senão entre dois limites, aquém e além dos quais não vê mais.O nosso organismo terrestre pode ser comparado a uma harpa de duas cordas, que são o nervo ótico e o nervo auditivo.Uma certa espécie de movimento coloca em vibração o primeiro e uma outra espécie de movimentos coloca em vibração o segundo: aí está toda a sensação humana, mais restrita aqui do que a de certos seres vivos, de certos insetos, por exemplo, nos quais essas mesmas cordas, da visão e do ouvido, são mais delicadas.Ora, existem, em realidade, na Natureza não dois, mas dez, cem, mil espécies de movimentos.A ciência física nos ensina, portanto, que vivemos assim no meio de um mundo invisível para nós, e que não é impossível que seres(invisíveis igualmente para nós) vivam igualmente sobre a Terra, numa ordem de sensações absolutamente diferentes da nossa, e sem que possamos apreciar a sua presença, a menos que não se manifestem a nós por fatos entrando na nossa ordem de sensações.
Diante de tais verdades, que não fazem ainda senão entreabrir, quanto a negação “a priori” parece absurda e sem valor!Quando se compara o pouco que sabemos, e a exigüidade da nossa esfera de percepção à quantidade do que existe, não se pode impedir de concluir que não sabemos nada e que tudo nos resta a saber.Com que direito pronunciaremos, pois, a palavra “impossível” diante dos fatos que constatamos sem poder descobrir-lhes a causa única?
A ciência nos abre visões, tão autorizadas quanto as precedentes, sobre a força que nos anima.Basta-nos observar a circulação das existências.
Tudo não é senão metamorfose.Transportados em seu curso eterno, os átomos constitutivos da matéria passam, sem cessar, de um corpo a outro, do animal à planta, da planta à atmosfera, da atmosfera ao homem, e nosso próprio corpo, durante a duração inteira de nossa vida, muda incessantemente de substância constitutiva, como a chama não brilha senão pelos elementos renovados sem cessar; e quando a alma se evola, esse mesmo corpo, tantas vezes transportado já durante a vida, devolve definitivamente à Natureza todas as moléculas para não mais retomá-las.Ao dogma inadmissível da ressurreição da carne substituiu-se a alta doutrina da transmigração das almas.
Eis o Sol de abril que irradia nos céus e nos inunda com seu primeiro orvalho calorescente.Já os campos despertam, já os primeiros botões se entreabrem, já a primavera floresce, o azul celeste sorri, e a ressurreição se opera; e, todavia,esta vida nova não está formada senão pela morte e não recobre senão ruínas!De onde vem a seiva dessas árvores que reverdecem no campo dos mortos?De onde vem essa umidade que nutre as raízes?De onde vêm todos os elementos que vão fazer aparecer, sob as carícias de maio, as pequenas flores silenciosas e os pássaros cantores?- Da morte?... Senhores..., desses cadáveres sepultados na noite sinistra dos túmulos!... Lei suprema da Natureza, o corpo não é senão um conjunto transitório de partículas que não lhe pertencem de nenhum modo, e que a alma agrupou segundo o seu próprio tipo, para se criarem órgãos pondo-a em relação com o nosso mundo físico.E, ao passo que o nosso corpo se renova assim, peça por peça, pela mudança perpétua das matérias, ao passo que um dia cai, massa inerte, para não mais se levantar, o nosso Espírito, ser pessoal, guardou constantemente a sua identidade indestrutível, reinou soberanamente sobre a matéria da qual estava revestido, estabelecendo assim, por esse fato constante e universal, a sua personalidade independente, a sua essência espiritual não submissa ao império do espaço e do tempo, sua grandeza individual, a sua imortalidade.
Em que consiste o mistério da vida?Por que laços a alma está ligada ao organismo?Por qual solução ela dele se escapa?Sob qual forma, e em quais condições, ela existe depois da morte? – Estão aí, Senhores, tantos problemas que estão longe de serem resolvidos, e cujo conjunto constituirá a ciência psicológica do futuro.Certos homens podem negar a própria existência da alma, como a de Deus, afirmarem que a verdade moral não existe, que não há, de nenhum modo, leis inteligentes na Natureza, e que nós, espiritualistas, somos vítimas de uma imensa ilusão.Outros podem, opondo-se-lhes, declarar que conhecem, por um privilégio especial, a essência da alma humana, a forma do Ser supremo, o estado da vida futura, e nos tratar de ateus, porque a nossa razão se recusa à sua fé.Uns e outros, Senhores, não impedirão que estejamos aqui, em face dos maiores problemas, que não nos interessemos por essas coisas(que estão longe de nos serem estranhas), e que não tenhamos o direito de aplicar o método experimental, da ciência contemporânea, na pesquisa da verdade.
É pelo estudo positivo dos efeitos que se remonta à apreciação das causas.Na ordem dos estudos reunidos sob a denominação genérica de “Espiritismo”, os fatos existem.Mas ninguém conhece o seu modo de produção.Eles existem, tão bem quantos os fenômenos elétricos, luminosos, caloríficos; mas, Senhores, não conhecemos nem a biologia e nem a fisiologia.O que é o corpo humano?O que é o cérebro? Qual é a ação absoluta da alma?Nós o ignoramos.Ignoramos igualmente a essência da eletricidade, a essência da luz; é, pois, sábio observar, sem tomar partido, todos esses fatos, e tentar determinar-lhes as causas, que são, talvez, espécies diversas e mais numerosas do que não o supusemos até aqui.
Que aqueles cuja visão está limitada pelo orgulho, ou pelos preconceitos, não compreendem de nenhum modo esses ansiosos desejos dos nossos pensamentos ávidos de conhecerem; que lancem sobre esse gênero de estudo, o sarcasmo ou o anátema; elevamos mais alto as nossas contemplações!... Tu foste o primeiro, ó mestre e amigo!Tu foste o primeiro que, desde o inicio da minha carreira astronômica, testemunhou uma viva simpatia pelas minhas deduções relativas à existência de humanidades celestes; porque, tendo na mão o livro da Pluralidade dos mundos habitados, o colocaste em seguida na base do edifício doutrinário que sonhavas.Muito freqüentemente, nos entretemos junto dessa vida celeste tão misteriosa; agora, ó alma! sabes por uma visão direta, em que consiste essa vida espiritual, à qual retornaremos todos, e que nos esquecemos durante esta existência.
Agora retornastes a esse mundo de onde viemos, e recolhes os frutos dos teus estudos terrestres.O teu envoltório dorme aos nossos pés, teu cérebro está aniquilado, os teus olhos estão fechados para não mais se abrirem, a tua palavra não se fará mais ouvir... Sabemos que todos nós chegaremos a esse mesmo último sonho, à mesma inércia, ao mesmo pó.Mas não é nesse envoltório que colocamos a nossa glória e a nossa esperança.O corpo cai, a alma permanece e retorna ao espaço.Encontrar-nos-emos, nesse mundo melhor, e no céu imenso onde se exercerão as nossas faculdades, as mais poderosas, continuaremos os estudos que não tinham sobre a Terra senão um teatro muito estreito para contê-los.
Gostamos mais de saber esta verdade do que crer que tudo jaz inteiramente nesse cadáver, e que a tua alma haja sido destruída pela cessação do funcionamento de um órgão.A imortalidade é a luz da vida, como esse brilhante Sol é a luz da Natureza.