Fermento que leveda a massa

As grandes transformaзхes do mundo nгo vieram de agentes materiais porque кstes, em si mesmos, nada constrуem. Somente o espнrito concebe e realiza. Por isso й imensa a fфrзa da mediunidade, que й fфrзa do espнrito levando para as coisas do espнrito.

Por outro lado nгo sendo ela privilйgio de classes, de fortuna, de cultura ou de posiзгo social, surge por tфda parte e a todo instante intervйm na vida do homem, no sentido espiritual; acessнvel a todos os entendimentos abre suas portas a todos e estб ao alcance tanto do pбria como do soberano, porque nгo depende de formalismos, rituais ou regulamentos.

Nгo estб sujeita ao homem mas sujeita o homem.

Nos tempos apostуlicos os enviados do Cristo se deslocavam muitas vкzes a grandes distвncias, percorrendo caminhos ermos, vadeando rios caudalosos, afrontando as intempйries naturais e a dureza dos coraзхes humanos e isso porque naquele tempo o conhecimento nгo era dado аs massas e a revelaзгo nгo se havia generalizado; mas hoje a propagaзгo das mesmas verdades й feita por enviados que se movem no espaзo invisнvel, que falam por porta-vozes humanos espalhados para tфda parte.

Por isso ninguйm mais poderб alegar ignorвncia derivada do isolamento e os homens ou crкem ou deixam de crer, abraзam ou repelem a verdade, segundo sua prуpria vontade, e podem, em consequкncia, assumir completa responsabilidade dos seus atos.

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Os mйdiuns sгo o fermento evangйlico e sua tarefa й levedar a massa para que o alimento se torne saudбvel e de fбcil assimilaзгo.

Atuando primeiro em si mesmos, pela indispensбvel reforma, agem em seguida no cнrculo das famнlias, parentes e conhecidos; depois movimentam-se em вmbitos cada vez mais amplos, com aspectos cada vez mais coletivos, ensinando, corrigindo, socorrendo, orientando e levam, por fim, sua aзгo benйfica a limites extensos e imprevisнveis.

Dificilmente se pode calcular a extensгo e as consequкncias do trabalho de um bom mйdium!

Onde alcanзa e cessa o setor de um, comeзa o de outro e assim o movimento se propaga silenciosamente, imperceptivelmente, vamos dizer, subterrвneamente, atingindo grande parte da sociedade.

А medida que os dias se passam o nъmero de mйdiuns aumenta:

milhares ainda aguardam a sua vez de entrar na liзa e outros milhares estгo ainda encarnando como reservas a serem utilizadas, oportunamente, na grande batalha da espiritualizaзгo da humanidade.

Os mйdiuns sгo auxiliares poderosos dessa espiritualizaзгo porque, em grande parte, ela resulta do prуprio exercнcio de suas faculdades; sгo seus agentes legнtimos por serem elementos naturais do intercвmbio com o mundo invisнvel; oferecem, assim, aos homens encarnados, viventes nas trevas ou na meia luz, as chaves mestras que abrem as portas do verdadeiro conhecimento espiritual.

Quando adquirirem faculdades evoluнdas, que permitam contacto com os Espнritos superiores, se transformarгo em colaboradores autorizados da harmonia social, concorrendo com seus conselhos para a estabilidade dos lares e das instituiзхes, porque tomarгo parte na educaзгo e na moralizaзгo do povo suprindo, os Espнritos superiores que por кles falam, as deficiкncias prуprias do Espнrito humano encarnado.

Mas, para gozarem dessa autoridade, serem dignos de tais poderes, devem viver uma vida reta, orientada pela mais elevada moral porque, assim, o que se propagar serб conforme a verdade, inspirarб confianзa, afastarб confusхes, duplicidades, charlatanismo, mistificaзхes.

Dos Espнritos superiores й que poderгo vir para o mundo as verdades maiores e as ъnicas autкnticas.

Inserimos os seguintes conceitos do venerбvel Irmгo Bezerra de Menezes:

“Mediunidade com Jesus й serviзo aos semelhantes.

Desenvolver кsse recurso й, sobretudo, aprender a servir.

Aqui, alguйm fala em nome dos espнritos desencarnados; ali, um companheiro aplica energias curadoras; alйm um cooperador ensina o roteiro da verdade; acolб, outrem enxuga as lбgrimas do prуximo, semeando consolaзхes. Contudo, й o mesmo poder que opera em todos. Й a divina inspiraзгo do Cristo, dinamizada atravйs de mil modos diferentes por reerguer-nos da condiзгo de inferioridade ou de sofrimento ao tнtulo de herdeiros do Eterno Pai.

E nessa movimentaзгo bendita de socorro e esclarecimento, nгo se reclama o tнtulo convencional do mundo, qualquer que seja, porque a mediunidade cristг, em si, nгo colide com nenhuma posiзгo social, constituindo fonte do Cйu a derramar benefнcios na Terra, por intermйdio dos coraзхes de boa vontade.

Em razгo disso, antes de qualquer sondagem das fфrзas psнquicas, no sentido de se lhes apreciar o desdobramento, vale mais a consagraзгo do trabalhador а caridade legнtima, em cujo exercнcio tфdas as realizaзхes sublimes da alma podem ser encontradas.

Quem desejar a verdadeira felicidade, hб de improvisar a felicidade dos outros; quem procure a consolaзгo, para encontrб-la, deverб reconfortar os mais desditosos da humana experiкncia.

Dar para receber.

Ajudar para ser amparado.

Esclarecer para conquistar a sabedoria e devotar-se ao bem do prуximo para alcanзar a divindade do amor.

Eis a lei, que impera igualmente, no campo mediъnico, sem cuja observaзгo, o colaborador da Nova Revelaзгo nгo atravessa os pуrticos das rudimentares noзхes de vida eterna.

Espнrito algum construirб a escada de ascensгo sem atender аs determinaзхes do auxнlio mъtuo.

Nesse terreno, portanto, hб muito que fazer nos cнrculos da doutrina Cristг rediviva, porque nгo basta ser mйdium para honrar-se alguйm com as bкnзгos da luz, tanto quanto nгo vale possuir uma charrua perfeita, sem a sua aplicaзгo no esfфrзo da sementeira.

A tarefa pede fortaleza no serviзo com ternura no sentimento.

Sem um raciocнnio amadurecido para superar a desaprovaзгo provisуria da ignorвncia e da incompreensгo e sem as fibras harmoniosas do carinho fraterno, para socorrк-las, com espнrito de solidariedade real, й quase impraticбvel a jornada para a frente.

Os golpes da sombra martelam o trabalho iluminativo da mente por todos os flancos e imprescindнvel se torna aos instrumentos humanos das verdades divinas armar-se convenientemente na fй viva e na boa vontade incessante, a fim de satisfazer aos imperativos do ministйrio a que foi convocado.

Age, assim, como isenзгo de вnimo, sem desalento e sem inquietaзгo, em teu apostolado de curar.

Estende as tuas mгos sхbre os doentes que te busquem o concurso de irmгo dos infortunados, convicto de que o Senhor й o Manancial de tфdas as Bкnзгos.

O lavrador semeia, mas й a bondade Divina que faz desabrochar a flor e preparar-se o fruto. Й indispensбvel marchar de alma erguida para o Alto, vigiando, embora, as serpentes e os espinhos que povoam o chгo.

Diversos amigos se revelam interessados em tua tarefa de fraternidade e luz e nгo seria justo que a hesitaзгo te paralizasse os impulsos mais nobres, tгo-somente porque a opiniгo do mundo te nгo entende os propуsitos, nem os objetivos da esfera espiritual, de maneira imediata.

Nгo importa que o templo seja humilde e que os mensageiros compareзam na tъnica de extrema simplicidade.

O Mestre Divino ensinava a verdade а frente de um lago e costumava administrar os dons celestiais sob um teto emprestado; alйm disso, encontrou os companheiros mais abnegados e fiйis entre pescadores anфnimos, integrados na vida singela da natureza.

Nгo te apoquentes, meu irmгo, e segue com serenidade.

Claro estб que ainda nгo temos seguidores leais do Senhor sem a cruz do sacrifнcio.

A mediunidade й um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanзo da subida, calvбrio acima, os acъleos se transformam em flфres e os braзos da cruz se convertem em asas de luz para a alma livre na eternidade.

Nгo desprezes a tua oportunidade de servir e prossegue de’ esperanзa robusta.

A carne й uma estrada breve.

Aproveitemo-la sempre que possнvel na sublime sementeira da caridade perfeita.

Em suma, ser mйdium no roteiro cristгo ‘й dar de si mesmo em nome do Mestre. E foi Кle que nos descerrou a realidade de que somente alcanзam a vida verdadeira aquкles que sabem perder a existкncia em favor de todos os que se constituem seus tutelados e filhos de Deus na Terra.

Segue, pois, para diante, amando e servindo.

Nгo nos deve preocupar a ausкncia de alheia compreensгo. Antes de cogitarmos do problema de sermos amados, busquemos. amar, conforme o amigo Celeste nos ensinou.

Que Ele nos proteja, nos fortifique e abenзoe.”

PROGRAMA DE AЗГO

Segundo a esfera a que pertencer e o modo de vida que lhe for prуprio, organizarб o mйdium seu programa de aзгo individual.

Em geral a mediunidade й exercida mecвnicamente, passivamente, sem objetivo definido, pelos simples fato de existir. Mas isso й um erro. O mйdium deve saber por que й mйdium, que faculdades possui, limites de sua aplicaзгo, consequкncias de sua aзгo, objetivos a atingir e responsabilidades que assume, tanto como indivнduo quanto como membro da coletividade.

Por isso, repetimos, organizarб seu programa de aзгo tendo tambйm em vista o necessбrio entendimento com o protetor individual.

Esse programa, como quer que seja, comportarб os seguintes princнpios de carбter geral:

DEVERES SOCIAIS

O exercнcio mediъnico nгo deverб prejudicar os afazeres comuns, de ordem material. Muito ao contrбrio a responsabilidade como mйdium reforзa a responsabilidade do dever para com a famнlia e a sociedade; aumenta-lhe o devotamento, o escrъpulo e o rigor no cumprimento de suas obrigaзхes mundanas porque daн й que lhe virб a estabilidade material, necessбria аs realizaзхes do espнrito.

BENS MATERIAIS

A pobreza, a carкncia de recursos e a renъncia a confortos comuns, nгo sгo condiзхes necessбrias а execuзгo da tarefa mediunica (salvo quando estas circunstancias estгo no quadro da provaзгo individual); e enquanto os bens materiais nгo forem motivo de inquietaзгo ou de atraзгo para o espнrito, podem ser utilizados livremente.

No exercнcio de suas tarefas nгo devem os mйdiuns manter, pois, apreensхes quanto aos bens e recursos necessбrios а vida material, porque os protetores invisнveis prevйm e provкm a todos os casos e, nada do que fфr necessбrio ou justo, serб negado аquele que se devota ao trabalho de evangelizaзгo e de assistкncia espiritual a seus semelhantes.

Aqui й que tem aplicaзгo, mais que adequada, a parбbola de Jesus quando se referiu аs aves dos cйus e aos lнrios do campo.

Entretanto hб trabalhadores, como acima dissemos, que devem mesmo viver na obscuridade e na escassez, porque isso й o que lhes convйm em face da tarefa que lhes cabe executar, de redenзгo prуpria. Nestes casos й preciso que haja, da parte do mйdium, alйm do esforзo prуprio, do campo mediъnico, humildade e paciкncia, no cumprimento da provaзгo.

Devotem-se, pois, ao trabalho que lhes estб determinado — que й o essencial — e nгo disputem com o mundo posses, tнtulos ou posiзхes transitуrias que, na maioria dos casos, sу servirгo para desviб-los de seus rumos.

ESPECULAЗГO

A mediunidade nгo pode ser comerciada. Todos conhecem a advertкncia de dar-se de graзa o que de graзa se recebeu.

Aquele que mercadeja com as coisas do espнrito prepara para si mesmo um porvir de privaзхes e terб que pagar, em futuras vidas miserбveis, cem por um daquilo que ilegitimamente auferiu.

Isso quer dizer, tambйm, que й francamente condenбvel todo e qualquer processo de profissionalismo interesseiro, seja de mйdiuns, seja de dirigentes que, imitando prбticas comuns de religiхes materializadas, tentam viver ou, mesmo, vivem a custa da doutrina, como parasitas.

Lembremo-nos do Apуstolo dos Gentios que de suas mгos calejadas tirava o seu sustento material para nгo ser pesado аs comunidades cristгs que ia fundando pelos seus caminhos.

PRБTICAS INFERIORES

O “orai e vigiai” se aplica com propriedade a este tнtulo, porque й orando e vigiando que o mйdium lutarб por seu constante aperfeiзoamento, combatendo as influкncias impuras que o assaltarгo a cada passo, nos contactos que forзosamente terб que manter com uns e outros.

Desses contactos nгo poderб fugir em suas relaзхes de indivнduo para indivнduo mas o poderб em relaзгo аs reuniхes coletivas que frequenta.

Se quiser manter seu equilнbrio mental, sua saъde fнsica, sua pureza moral e sua capacidade mediъnica, deverб fugir dos contactos impuros, das reuniхes de carбter inferior que envenenam o espнrito, degeneram as faculdades, desorientam e perturbam.

Mais que quaisquer outros, deve fugir da macumba e dos terreiros e de todas as prбticas que merecem essa qualificaзгo, tenham os rуtulos que tiverem, mesmo os do exercнcio da caridade, com os quais muitas vezes se mascaram.

Sгo prбticas perniciosas, herdadas de um passado de erro e de superstiзгo, que nгo podem mais ser toleradas nos tempos atuais, salvo nos meios mais retardados da sociedade humana.

Sгo uma mistura de africanismo, indianismo e catolicismo romano, e os agentes das manifestaзхes sгo espнritos inferiores, habitantes das esferas mais baixa do astral.

Alimentar os homens com essas prбticas й tirar-lhes a oportunidade de conhecerem ou cultuarem coisas melhores e mais altas.

Fujam pois os mйdiuns dessa baixa expressгo de animalidade onde sу se cogita de interesses pessoais, de ligaзхes amorosas forзadas, verdadeiros atentados а lei do livre arbнtrio; de arranjos financeiros muitas vezes impossнveis, de garrafadas muitas vezes venenosas, de alimentaзгo de vнcios repugnantes e de vinganзas pessoais; dessas prбticas malsгs, onde Espнritos materializados, incorporados em mйdiuns infelizes fumam danзam e bebem, dando livre expansгo a seus instintos inferiores e arrastando em seus desvairamentos tanto mйdiuns como assistentes, ingкnuos ou ignorantes, pervertendo-os, embrutecendo-os e comprometendo-lhes gravemente a integridade moral e a compreensгo, em relaзгo аs verdades fundamentais da vida espiritual.

Essas prбticas tкm• se propagado enormemente em nosso paнs e em outros centros da vida civilizada, mormente naqueles em que predomina a descendкncia de raзas primitivas, havendo regiхes inteiras e atй mesmo cidades famosas e adiantadas, que se deixaram dominar por elas.

Й uma epidemia que vem se alastrando com auxнlio da degeneraзгo moral que atualmente impera no mundo, invertendo os valores espirituais, confundido a muitos e permitindo lastimбvel exploraзгo em torno аs altas verdades doutrinбrias pregadas pelo Espiritismo verdadeiro.

Esta situaзгo й em grande parte devida aos mйdiuns porque й por seu intermйdio que os Espнritos inferiores realizam suas manifestaзхes; mas os sacerdotes dos cultos negros terгo suas atividades muito reduzidas se seu concurso lhes for negado.

Estб nas mгos dos mйdiuns trabalharem para o bem ou para o mal, selecionarem suas atividades e os meios que frequentam; escolhendo um caminho reto ou tortuoso, colaborando com Espнritos atrasados ou adiantados, mas certos sempre de que colherгo conforme semearem e serгo responsabilizados pelo que deixaram de fazer.

Bastarб que em cada centro exista um mйdium idealista e bem orientado para que o ambiente possa ser saneado de impurezas porque, por intermйdio dкle, os Espнritos esclarecidos poderгo ali descer e espalhar a luz, derrotбndo as trevas. E, cada alma que assim se salvar por seu intermйdio, serб uma tocha que se acenderб, no dia da prestaзгo de contas, para iluminar seu julgamento.

RESPEITO АS LEIS

A sociedade humana se rege por duas ordens de leis: umas transitуrias, mutбveis, falнveis, criadas pelos homens, visando a harmonia social, a ordem pъblica e o respeito relativo aos direitos individuais; outras, estabelecidas pelo Criador, permanentes e infalнveis, visando o aperfeiзoamento moral e o progresso evolutivo de todos os seres.

As primeiras sгo fruto da prуpria experiкncia humana e se baseiam em interesses materiais deste mundo, ao passo que as ъltimas resultam de sabedoria divina e se aplicam a todo o Cosmo.

Os mйdiuns devem ter em vista estas duas ordens de leis, dando б Cesar o que й de Cesar, para que possam viver em concordвncia com os homens e com Deus, visto nгo serem agentes de perturbaзхes mas de harmonizaзгo, nгo de rivalidades mas de concуrdia.

Como regra geral e no campo do espнrito devem ter em conta, porйm, que, tudo aquilo que contrariar as leis de Deus deve ser rejeitado, mesmo quando seja exigido pelas leis dos homens, porque o espнrito deve prevalecer sobre todas as coisas.

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